O maravilhoso mundo de Bobby Cunha (em 12/06/16).
Bobby Generic (Sim, estou falando do Bobby do desenho animado “Maravilhoso mundo de Bobby) é um garoto de quatro anos que tem a imaginação fértil. Todo a trama do desenho se desenrola a partir de suas percepções infantis e fantasiosas do mundo, do seu cotidiano.
A comparação de Bobby e Eduardo Cunha não é fortuita. Eles têm muito em comum. Talvez o Cunha seja um Bobby que cresceu. Cunha deve ter tido problemas na infância. Pelo menos, está documentado que ele quando adolescente era um cara caladão, o que hoje chamamos de nerd e que como tal, provavelmente deve ter sofrido bullying e desenvolvido uma antipatia pelo mundo.
O fato é que Cunha sobreviveu e cresceu.
Citando três ditos populares:
1 – Tudo que não mata fortalece.
2 – Dê poder a um homem para conhece-lo.
3 – A história se repete.
Assim, Cunha prosperou, como uma bactéria em um caldo de cultura propício.
Cunha é o retrato da atual classe política brasileira. Cunha, como o Bobby, vive em um universo paralelo, em completa desconexão da realidade.
Eu poderia como muitos têm feito taxá-lo de psicopata, sociopata, esquizofrênico, ou o que valha, mas não me atrevo, pois não tenho conhecimento para isso, e, acho que se ele efetivamente o for ele somente é a manifestação de uma doença coletiva e em consequência da classe que ele representa.
Em suma, se ele é louco todos nós somos também.
Se ele vive em outro mundo, o que de fato é verdade, nós também vivemos.
Ele e a sua turma do congresso nacional vivem em outro mundo. A esfera política brasileira está há décadas desconectada da realidade, das ruas, da sociedade que a elege e a quem pretende representar (me pergunto quem são os loucos, eles ou nós?).
Cunha só é a epítome desse fenômeno, o seu exemplo mais representativo.
O que dá a impressão de doença mental em Cunha é a sua aparente frieza e implacabilidade, além da clara demonstração que ele dá em suas ações e aparições (ou seriam manifestações?!) que ele está ou pretende estar acima das leis.
O que ele demonstra com seu modo de conduzir seus negócios e sua atividade política é que as leis, as regras e as pessoas servem somente para sua utilidade e que quando não cumprem esse intento devem ser torcidas, contorcidas, retorcidas e destruídas para que ele prevaleça.
Me pergunto: Em que, na essência o comportamento de Cunha é diferente do comportamento dos adolescentes que ao entrar em um ônibus pulam a roleta bem na fuça do trocador e diante de toda a turma que pagou passagem?
Se olharmos bem, ele é um exemplo bem representativo…da maioria de nós, só que em dó maior!
Cunha, sem dúvida, é um homem ardiloso (muitos o rotulam de inteligente e até de “gênio”. Inteligência para mim significa outra coisa muito diferente) mas seu problema é que, no fundo, ele é muito entregue às suas paixões (aqui trato paixões como sinônimo de emoções) pois fica claro por meio de suas atitudes e por trás do seu temperamento há um homem inseguro, pouco maleável, difícil de negociar e que não aceita ser contrariado.
Por isso ele briga tanto. Por isso ele coleciona inimigos e por isso ele tem um séquito de “aliados” ou reféns (difícil dizer) dado que o que ele mais tem feito nos últimos anos (com a tutela e anuência do PT) foi estabelecer, via poder financeiro fruto de desvio de dinheiro (tudo culpa do Trust!) uma relação de clientelismo com centenas de deputados (os do chamado baixo-clero).
Pois bem, o fato de viver em um universo paralelo não significa que o universo real não exista. É com isso que Cunha vai começando a se deparar. Ele parece aquele jogador de xadrez que pensa que joga sozinho no tabuleiro, desprezando que do outro lado há também um jogador.
Cunha não está jogando sozinho. Exercer o poder de maneira autocrática e despótica, que o cargo da presidência da Câmara dos Deputados permite, não dá outro fruto que não seja uma carreira fugaz. Não se tolera isso no poder. Déspotas esclarecidos têm prazo de validade – curto.
Cunha em sua desconexão com a realidade não hesitou em bater de frente com as forças mais efetivas do país, o MP e o Judiciário. Ele pode manobrar o que for no Congresso e com seu amigo e sócio Michel Temer, mas contra a turma de Curitiba ele não tem a menor chance. Se não pegarem ele, pegarão sua mulher, sua família, seu dinheiro e ponto!
Cunha em sua desconexão com a realidade parece não dar a mínima para a opinião pública. Acha que de acordo com a velha escola que o povo tem memória curta e que basta na época de eleições distribuir umas dentaduras, cestas básicas e lajotas para calar a boca do povo.
Está muito equivocado. As coisas mudaram – pelo menos eu espero.
Pois bem, Cunha pode estar a salvo em seu reduto (que composto de ratos como ele não tardarão em abandonar esse barco a pique), em seu mundo maravilhoso da Câmara, mas está totalmente à mercê do pessoal de Curitiba (que fareja sangue de longe!) e totalmente rejeitado pela opinião pública.
Isso significa que Cunha, o mentor e executor do golpe e responsável por colocar Temer no poder (vamos desprezar a incompetência de Dilma por um instante) vai ser abandonado pelos seus.
Temer vai esticar uma mão para tentar resgatá-lo, mas com a outra irá ajudar a fazê-lo afundar, por uma questão de sobrevivência, por falta de virtude e por fraqueza de caráter que é o que tem demonstrado nesse singelo mês de presidência “interina”.
Continuo sustentando minha tese que os dias de Cunha estão contados e que não passará de um “boi de piranha” perfeito para todos.
Cunha esperneia, Cunha ameaça levar pelo menos 150 deputados para o buraco com ele (que leve!), mas Cunha precisa saber que um dia, a vida bate à porta…e a realidade vem à tona…e contra ela não há muito o que fazer, mesmo esperneando ela se impõe.
Afinal Cunha, como dizia o seu bordão nos tempos de locutor de rádio no RJ: “O nosso povo mereeeeeece respeito”!!!
(Em 12-06-16)