A roupa suja de Natal (25/12/2023)
Coisa represada um dia vai transbordar…
É questão de tempo, é física pura.
Fico imaginando se Maria, a Bem-Aventurada entre as mulheres, tendo sido designada para missão tão difícil de carregar em sua barriga o Filho de Deus estando já comprometida com José, tivesse tornado a vida do seu marido um pouco mais difícil do que a tornou, diga-se de passagem, por conta da Providência.
Entendam como quiser os pós-modernos e os modernos também o relato bíblico, mas que fique claro que estamos nos referindo a eventos do século I que são totalmente aplicáveis a hoje. Afinal humanos seguem sendo humanos em sua natureza humana.
José teve que passar por cima de muita coisa para poder seguir com sua missão: Seguir com o casamento para poder construir família com Maria, uma missão que no próprio relato bíblico, Deus lhe encomendou através de seus anjos e para isso Teve que engolir seu orgulho, vontade própria. Teve que ser um homem obediente, resignado com a missão e teve que nutrir um amor muito profundo por Maria e seu filho para levar a missão em frente.
Teve, por circunstâncias políticas da época fazer jornada da sua Nazaré para Belém para lá realizar o censo determinado pelas autoridades romanas. Mas, de novo segundo o relato bíblico, isso tinha que ser assim porque isso serviria para cumprir uma profecia a respeito da criança que estava por nascer.
Me simpatizo com viajantes porque sempre fui um deles. Sei das durezas das jornadas.
Me simpatizo por José e Maria e pelo tesouro que carregavam, afinal iria mudar a história, tanto para os que creem quanto para os que não creem.
Viajaram sem recursos porque não eram gente de posses, o que sempre torna a jornada mais dura.
Não encontraram hospedagem em Belém porque a cidade estava cheia.
A eles restou pousar em uma manjedoura, um lugar onde ficavam os animais de criação. E foi lá onde o menino nasceu.
Ele é o Natal. Ele era o objetivo de toda missão.
José foi irretocável, um verdadeiro pai e marido. Maria foi irretocável, uma verdadeira mãe e esposa. A questão aqui não se trata de escolher o lado de quem se sacrificou mais. Nunca foi. Muito pelo contrário. E quem faz, relativiza e reduz a jornada dos três.
Agora, imagine por um momento se na hora da festa, o Natal, uma vez que o nascimento tão especial e a família que se formava ali eram a razão de ser de toda a jornada – ao ponto de fazer com os que os pastores que por ali passavam reconhecessem o momento celebrassem efusivamente o evento – Maria pensasse na roupa suja de José ajuntada na jornada de Nazaré a Belém?
Ela teria matado o Natal.
Assim é que se mata o Natal.
Não mate o seu Natal com coisas ridiculamente humanas. Não pense na roupa suja. Eleve o seu pensamento. Olhe para a festa que está sendo construída ao seu redor, quase sempre às custas do sofrimento alheio.
Feliz Natal!
Fonte Imagem: https://revistacrescer.globo.com/Curiosidades/noticia/2018/11/mae-faz-sucesso-com-arvore-de-natal-feita-de-pilha-de-roupa-suja.html