Dilma simplesmente não aprendeu e Temer não entendeu! (em 17/04/16).
Em tempos de fábulas é mais fácil explicar o mundo por meio delas, afinal elas têm sido instrumento valioso para explicar como o mundo e as pessoas funcionam há muitos e muitos anos.
Conto aqui a fábula do cavalo e do burro, contada por Monteiro Lobato adaptada por sua vez da fábula de Esopo.
Ela diz assim:
O cavalo e o burro viajavam juntos para uma cidade. O cavalo estava tranquilo, folgado que estava com uma carga de quatro arrobas apenas. Enquanto isso, o burro gemia sob o peso de oito arrobas.
Em certo ponto do caminho, o burro parou e disse: — Não aguento mais! Esta carga excede às minhas forças e o remédio é repartirmos o peso igualmente, seis arrobas para cada um.
O cavalo relinchou uma gargalhada: — Burro Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso tão bem continuar com as quatro? Tenho cara de burro?
O burro gemeu: — Cavalo egoísta, lembre-se que se eu não aguentar você terá que seguir com a carga de quatro arrobas e mais a minha.
O cavalo pilheriou de novo e a coisa ficou por isso mesmo. Logo adiante, porém, o burro não aguenta o peso, tropeça e cai estrepitosamente. Chegam os tropeiros, maldizem a sorte e sem demora arrumam com as oito arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.
— Bem feito! Exclamou o Tucano (que tudo observava). Quem mandou ser mais burro que o pobre burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso? Tome! Gema dobrado agora…
Pois bem, o burro da fábula é a presidente Dilma que quis carregar o peso do governo nas costas sozinha desde o início. Incompetente e turrona, se isolou e deu no que deu.
Vai tomar um impeachment pela cara. Uma pena que tiveram que forçar a barra da constituição federal para apeá-la do poder. Uma pena ter que ouvir que a presidente é honrada, honesta e que não cometeu crime.
Acredito na integridade pessoal de Dilma até um certo ponto. Não podemos esquecer que ela esteve no Ministério de Minas e Energia, na Petrobrás, na Casa Civil. Dilma não é tão neófita assim. É cria do Lula.
Não podemos esquecer que ela concorreu a duas eleições presidenciais e que ganhou as duas e que o dinheiro que financiou ambas campanhas não caiu do céu.
Alegar que Dilma não sabe de nada é forçar demais a barra e mesmo se for verdade (e pode ser) ela ainda assim teria que ser no mínimo, por decência, considerada culpada por omissão.
Ela é o burro que tenta carregar tudo sozinho não consegue e que quando percebe que não consegue tenta dividir a carga com o cavalo esperto que viaja ao seu lado e que, claro, não entra na dele (a). Resultado: o burro se esborracha.
O cavalo da fábula é Temer. Quieto, discreto, esperto e sem brilho algum e que se aproveitou da teimosia de Dilma. Tomou vantagem. Pegou carona. Armou a queda de Dilma. Mas não se deu conta que sem Dilma a carga toda estará em suas costas e que ele também não tem a mínima condição de carregá-la sozinho e que não haverá ninguém para aliviar-lhe a carga.
Ao contrário, sofrerá tanto quanto Dilma, ou mais, na mão dos tropeiros, que nessa fábula podem ser a oposição (ampla, geral e irrestrita) e a opinião pública.
O Tucano é, claro, o PSDB, que também está nesse compasso do quanto pior melhor esperando que o poder caia no seu colo. Não vai mover uma palha para aliviar a carga do cavalo Temer.
Eis a política no Brasil: temos um burro, um cavalo, tucanos e tropeiros de chicote na mão!
Deus nos acuda!
(Foto Crédito: Evaristo Sá/AFP)
(Em 17-04-16)