O Alfarrabista

O Alfarrabista

Para quem não sabe o que é “BELELÉU” (em 25/11/016).

Tenho a mania de ler em voz alta os meus textos. O texto para mim é vivo e por mais que seja, por definição, escrito, lê-lo não é às vezes suficiente. É preciso ouvir o texto. Se os escritores “ouvissem” mais os seus textos muita coisa deixaria de ser publicada.

Ouvindo a leitura do último post, meu filho mais novo, de 16 anos, disse: “já não ia ler o texto só pelo título! ”

Eu perguntei: “Por que? ”

Ele retrucou: “Esse negócio de beleléu…”

Eu entre o riso e o pranto falei: “Você não sabe o que é beleléu né? Não é da sua época”.

Pois bem, essa turminha está indo para o BELELÉU e nem sabe.

Para minha surpresa, no “Mini Aurélio – O Dicionário da Língua Portuguesa”, um dos mais indicados aos alunos pelos propedeutas do ensino médio não registra a palavra “beleléu”.

Sinceramente, tenho minhas dúvidas se os professores de português sigam indicando dicionários para seus alunos, ou se eles mesmos chegam a usá-los.

Antes guardam os mistérios da língua para ensinar aos seus pupilos os mistérios da origem do termo “CARALHO” (pasmem, a história é real!).

Eu, do meu lado, relutante em consultar meus dicionários alfarrabescos fui à mãe dos burros – A INTERNET.

Lá eu encontrei:

https://www.dicio.com.br/beleleu/

DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS:

Significado de “BELELÉU”

 Sm. Pop Gramática. Usado na locução ir (-se) para o beleléu.

Morrer, Desaparecer, Sumir, Malograr, Fracassar.

 Definição de Beleléu

 (RESOLVI INCLUIR TAMBÉM ESSA PARTE ABAIXO PORQUE OS PROFESSORES NÃO ENSINAM MAIS ISSO, ANTES, TAMBÉM NÃO SABEM MAIS ISSO, JÁ QUE ME CONTARAM EM BOCA MIÚDA QUE NÃO SE ENSINA MAIS GRAMÁTICA EM CURSOS DE LETRAS).

Classe gramatical: substantivo masculino

Separação das sílabas: be-le-léu
Plural: beleléus
Feminino: beleléia 

Pois é meu filho, ir para o “beleléu” é sumir, desaparecer, morrer, fracassar.

E é exatamente isso que está acontecendo com seu país!

Ainda em estilo professoral genuíno, ensinando a ler o que é bom, lembro da canção do genial Juca Chaves (é meninos, vocês também não sabem quem ele é, uma pena, mas está em tempo!).

Juca, em 1967, em plena ditadura militar, que alguns desvairados clamam que retorne, fez sucesso com uma composição chamada “Lé com lé, cré com cré”

Dizia assim a letra original censurada:

Esso, Shell, Esso, Shell

O Brasil pro beleléu (Refrão)

Quem te disse meu amigo

 Que o Brasil é lusitano

 Foi francês e agora digo

Que será americano

Nós que temos uma selva

Com riquezas por aí

Também temos nossos índios

Que só usam calça Lee

(Refrão)

 E as fábricas brasileiras

Vou dizer que já existem

Temos tantas, que beleza

 Esso, Shell, Kolynos, Phillips

 E ainda na TV

O que vejo é deprimente

 Vejo tigre e o elefante

E depois sabor pra frente

(Refrão)

O Brasil é agradecido à Aliança pro progresso

 Ganha leite apodrecido

 No verão calça de inverno

O jeito é me mudar

Do lugar que tanto gosto

 Eu vou lá pra capital

Nova sede que é Washington

(Refrão)

Se eu pudesse meu amigo

 Eu iria perguntar Presidente o que há contigo

Será que vais se entregar

Ele me responderia

Falta um mês pra decisão

 Falta um mês para que os States

 Mandem outra informação

(Refrão)

 Aqui tem muitos milicos (sic)

Que é uma turma de safados

Tiram ouro da nação

E 3 milhões do ordenado

E se alguém protesta

 Eles dizem com cinismo

 Prendam este camarada

Que é fiel ao comunismo

(Refrão)

O tigre é da Esso

O elefante é da Shell

O Brasil é de quem USA

E quem USA

O Brasil Sou EEUU.

É meu querido Juca, quem bom que a vida imita a arte e que a história se repete.

Pena que não aprendemos porque esquecemos.

Quem tem ouvidos ouça…

Ps.: IN GOD WE TRUST

(Em 25/11/16)

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